[Resenha Premiada] De Volta Para Casa - Karen White [ENCERRADO]

Título original: Falling Home
Autora: Karen white
Ano: 2013 - Número de páginas: 448
Editora: Novo Conceito - Gênero: Drama|Romance - Skoob

        Preciso dizer, antes de tudo, que via esse livro na estante e sempre dizia à ele “depois te leio”, assim como fazemos com muitos livros que não damos nada tanto pela capa quanto pela sinopse. Fiz isso por mais de um ano, até resolver pegá-lo e não me arrependo um minuto sequer de ter lido. A sinopse não diz muito porque o livro veio ao mundo, o que de certa forma foi bom, já que a surpresa que tive ao ler foi ótima.

        Narrado em terceira pessoa, tentando transmitir a visão de Cassie, Harriet e Maddie Madisson, “De Volta Para Casa” conta a história de Cassie, uma mulher com seus 35 anos, bem sucedida na carreira de publicitária em Nova Iorque, noiva do seu chefe e dona de um apartamento moderno e estiloso que divide com seu noivo Andrew.
Sua vida parece indo de vento e polpa, até ela receber um chamado para voltar para casa. Seu pai está muito doente, com seus últimos dias de vida e quer que sua filha mais velha volte para Walton, onde nasceu e cresceu. Só que não é tão fácil assim. Ela saiu de lá 15 anos atrás em busca de novos ares e tentando fugir da traição de sua irmã mais nova. Harriet fugiu com o namorado de Cassie e, quando voltaram, já estavam casados e esperando um filho. Cassie ainda guarda muito remorso, mas resolve voltar para casa, afinal de contas seu pai está nada bem.

        Mas chegando lá, como as coisas ficarão entre as irmãs? Seu pai já não tem muito tempo de vida e, num ato que eu diria amável e desesperado, deixa a casa para Cassie no testamento. Será que mesmo com uma casa pra cuidar, sobrinhos maravilhosos para conhecer e um certo médico para lhe irritar e lhe deixar confusa e que a faz esquecer do noivo, ela vai querer voltar para sua vida corrida, glamorosa e sofisticada que tinha em NY? Ou vai trocar tudo para retornar ao seu mundo de antes, com uma vida pacata perto de quem a ama, e com uma comunidade que encheria o freezer dela de comida como sinal de solidariedade? Eu escolheria a segunda opção só por causa da comida.

        Só que não é só isso que gira em torno de Cassie. As pessoas, que antes dormiam de porta encostada da casa, agora trancam tudo com medo do vandalismo que começou a assombrar a vizinhança depois da construção de novas casas perto do bairro. Ainda tem essas cartas misteriosas de uma certa E., uma antiga paixão de seu pai. Ela quer descobrir tudo isso antes de voltar para Nova Iorque, mas será que consegue antes de ser tomada pela peculiaridade do lugar que ela tentou se esconder por 15 anos?

        Procrastinei um pouco para fazer essa resenha, não por preguiça, mas por não conseguir colocar as ideias em ordem, porque esse livro mexeu com meu emocional. Juro à vocês que chorei e, por esse e outros motivos acabei favoritando esse livro.

        Então vem a parte mais difícil, onde tento expressar o que senti ao ler esse livro, porque virou meu favorito e como não extrapolar na hora de escrever.

        Primeiro a escrita. Não é algo como se eu nunca tivesse visto, mas sei lá, foi diferente, fluída, sem rodeios, entendível, engraçada, casual, é como se estivesse conversando com amigos e esses amigos são os personagens. Tudo era amarradinho e bem detalhado: do gazebo do jardim ao carvalho da mãe de Cassie; dos aspectos físicos dos personagens principais aos secundários. Como era fofa a pequena Knoxie com suas sardas e cabelo ruivo que puxou da bisavó, ou quão graciosas eram as senhoras Sedgewick com suas roupas iguais.

        Segundo, como citado no primeiro motivo: os personagens. Desculpem todos meus amores literários, mas já quero o doutor Sam Parcker. Além de lindo com seu jeito rústico, inteligente, engraçado, amoroso e atencioso como toda mulher deseja, ele consegue ser uma pessoa que admira outra, mesmo longe, por mais de 15 anos. Gente, quero ele pra mim!

        Cassie, com seu jeito sofisticado que precisou aprender para se adaptar à cidade grande, não consegue esconder por muito tempo de onde ela veio. É determinada, linda com seu corte Chanel pintado para esconder seu tom natural nem loiro nem castanho. A chamam de protetora de corações, por causa do colar que ela ganhou da mãe, a qual faleceu quanto elas tinham seus 8 anos, com três corações (de seu pai, sua irmã e ela) e uma chave (ela) para guardar e proteger esses corações. Toda vez que se sentia nervosa, ela tocava os pingentes, o que deixa esse sentimento de nervosismo transparecer para todos. Diferente do que a autora tentou me convencer nas 448 páginas, quando Cassie era cruel com uma pessoa era porque ela estava com medo. Não acho isso, para mim ela era irônica e sarcástica em alguns momentos, até porque era preciso. Só que todos achavam que ela só tinha medo. Enfim, Cassie querida, você não é medrosa, só é sarcástica porque a vida te fez assim.

        Harriet é uma fofa! A típica mãe de família, boa cozinheira, dona do lar, que adora a sua terrinha e que ama seus 5 filhos e seu marido. Não tem como odiá-la, ela não se faz de coitada. É doce, delicada, MUITO corajosa, dedicada à família e sempre otimista e realista também. Ela foi o motivo por eu ter chorado (tem uma parte que, JESUS, dai-me forças!) e isso não se faz dona Karen White!

        Maddie é a filha mais velha de Harriet e Joe, e sobrinha que mais se assemelha à sua tia Cassie, tanto fisicamente quanto a personalidade independente, livre, brincalhona, esperta, e que adora fazer travessuras. Tem seus 14 anos, e está louca para conhecer melhor sua tia e quem sabe morar em Nova Iorque.

        Não vou me estender mais do que já estendi, mas não posso deixar de citar a Tia Lucinda sabida; Ed safado mas no fundo uma criança indefesa; Mary Jane que ajudou bastante; a caixa com as cartas secretas (sim, estou considerando como personagem); dona Lena uma senhorinha muito simpática; e o noivo chato da Cassie.

        Por terceiro e último motivo para eu ter amado o livro: a história em si. Bom, tem clichês sim, mas são muito poucos. Esse livro me lembrou aquele filme “Recém Chegada”, onde a mulher no estilo da Cassie, chega num interior como supervisora de uma fábrica e faz de tudo para voltar para Miami. Só que tudo faz com que ela continue lá, as pessoas, os trabalhadores, os amigos que ela faz e até um romance. Achei umas coisas originais e outras compilações de várias histórias numa só. Amei, claro. Não ficou aquela coisa forçada ou confusa. A única confusa aqui foi eu na hora de fazer essa resenha quilométrica.

        Enfim, o livro é lindo, apaixonante, dramático (num nível satisfatório, sem beirar à novela mexicana. Talvez só um pouco), com seus clichêzinhos, personagens cativantes, simpáticos e reais.